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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Simplicidades

"Simplicidade é o último grau para a sabedoria" 


Pequenas coisas... grandes presentes... 
A arte de perceber a natureza nas pequenas belezas que o mundo nos dá ...e ele nos dá de coração aberto!

* Cheirinho de café fresco...
Pode ser daquele que coou no filtro, cujo pano cansado de tanto segurar a onda ficou manchado ou mesmo aquele; feito em cafeteiras profissionais, seu perfume não tem igual. 
Tive a sorte de nascer numa cidade cafeeira, onde o café é bem tratado e quando pequena, perambulava pelas ruas de café nas fazendas e beliscava os grãos vermelhos e doces de café. Quando dava 16:30 do dia, eu brincando no sol baixo, escutava várias casas com seus bules a tilintar e ficava entorpecida, sabia que dali vinha um café delicioso... corria pra casa do meu avô, exigente com o café neste horário, adentrava correndo na cozinha e assim era presenteada com aquele aroma... 
Para mim, o cheirinho de café fresco é o primeiro grande presente da natureza que existe...


* Gostinho do pão de queijo quentinho
Como toda boa mineira, o pão de queijo é essencial na minha dieta (vida) rs! Daqueles que minha avó assava, humildemente feito com gordura e farinha de trigo, margarina era luxo! Grandes e borrachudos, não eram feitos para durar pro dia seguinte, era assar e comer, instantaneamente....minha avó tinha esse dom, não tinha potes para guardar nada, tudo era fresco, nada sobrava...rsrs! Ela embarrigava o fogão à lenha e ajeitava tudo, todos os dias. Arruma os nacos de madeira, limpava a mão no vestido e vinha na minha direção com aquele sotaque mineiro puxado:
__Vai buscar queijo Vanessa, que a vó tem de assar pão "procês"! Ela ordenava, no qual eu nem discutia, já batia na casa do seu Zé e falava do queijo pra vó....
Tá ai, o acompanhante dois do primeiro presente da natureza....

* Banho de chuva..."ahhhh!"
Verdade...rsrs! E eu tomo banho de chuva até hoje, não acho justo ser privilégio de criança isso...
Tão verdade que meu amigo vai ler esse post e vai lembrar, domingo saindo do cinema com ele, caindo aquela chuva gostosa da noite, virei para ele e disse: Vamos ficar na chuva? Ele riu, sempre ri de mim, ele sabe que tenho essas esquisitices...rsrs! Mas me acompanhou naquele momento, compartilhou comigo dos beijos que cada pingo d'agua oferecia pra gente! Apesar de ter uma relação mais romântica com o vento, sou dessas de reparar mesmo na simplicidade da vida e a chuva, que para mim é a forma de benção que Deus nos dá, sim, é o terceiro grande presente...

* Presenciar uma gentileza
Dentre vários defeitos que tenho, um deles é ficar observando pessoas. E quando digo observar é ver, sentir e escutar a pessoa, mesmo que ela esteja distante ou seja desconhecida...é sim. Por exemplo, quando sento nos restaurantes para almoçar, logo me pego prestando atenção na mesa ao lado, o que eles falam, como gesticulam e expressam. Minhas colegas de trabalho querem me matar por isso, mal participo do papo com elas. Mas geralmente sou presenteada, vejo coisas que a maioria das pessoas, por estarem na correria do dia a dia, não acabam vendo. 
Lembro me daquele carnaval e essa gentileza me tocou tanto, que a repasso em minha mente como se fosse hoje. Havíamos decido para a praia. Carnaval sabe como é, praia lotada! Nos vai e vem no calçadão, reparo do outro lado um grupo de meninos chutando as latinhas no qual um morador de rua lutava em apanhar. Após vários chutes, o meu "então" namoradinho, soltou de minhas mãos e sem expressar qualquer esbravejo, simplesmente catou as latinhas do chão e as entregou nas mãos do frágil mendigo. Foi tudo muito rápido, mas essa cena ficou gravada em mim de forma "slow motion" e é claro, apaixonada por ele fiquei ainda mais...
Presenciar uma gentileza é um presente pois não posso me vangloriar de minhas próprias gentilezas, isso seria vaidade... 

* Observar o pôr do sol
Recentemente estive em São Tomé das Letras, lá na famosa Piramide sabe para quê? Sim, presenciar o ocaso. Realmente lindo, mas o pôr do sol mais bonito que já vi foi numa viagem à ilha bela que fiz e dentro de uma escuna a voltar pra praia eu vi.....Um beijo do sol no mar... Desse beijo, o sol foi se deitando sobre ele e tomando lugar dentro do oceano...as ondas brilhavam, meus olhos marejavam...era uma canção...não...era uma dança...sim...nesse horizonte podemos perceber o quão grandes e pequenas coisas são assim, tão incontroláveis...

* As flores
Qual mulher não gosta de flores? Mulher que não ganha flores, que não as amam são amarguradas, duras de coração. Para mim é a representação da feminilidade. É a essência pura da fertilidade, desabrochar da vida. Se faz bela para ser fertilizada, se faz de aroma para ser cheirada, se faz de cores para ser contemplada....Ela não é presente da natureza, é dádiva... 

Poderia ficar aqui, enumerando essas pequenas coisas que nos rodeiam, que mal conseguimos ver ou participar no dia a dia. O mais importante é praticar, perceber em cada um as pequenas coisas que nos são oferecidas. A capacidade de ver essas pequenas coisas nos tornam mais humilde frente a beleza da simplicidade da vida... Se és capaz de perceber essas grandes mensagens nas mais singelas atitudes, sábio um dia se tornarás...

Meus dias preferidos, eram aqueles que abraçada com um amor, recebia gentilmente seus carinhos na penumbra de uma tarde chuvosa, depois de tomar café com pão de queijo....ouvindo Black do Pear Jam bem baixinho....

Essa hora, tinha cheiro de rosas, cores do por do sol, gosto de cafe fresco, sabor de pão de queijo e agradecida pela vida!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Inspirações e Reflexões

Vejo pessoas religiosas fechando os olhos para orar. Elas creem que para ver Deus é preciso não ver o mundo. Elas não sabe que a beleza da natureza é o espelho onde Deus se contempla. - Rubens Alves


Quase todo mundo conhece a história original (grega) sobre Narciso: um belo rapaz que, todos os dias, ia contemplar seu rosto num lago. Era tão fascinado por si mesmo que, certa manhã, quando procurava admirar-se mais de perto, caiu na água e terminou morrendo afogado. No lugar onde caiu, nasceu uma flor, que passamos a chamar de Narciso.

O escritor Oscar Wilde, porém, tem uma maneira diferente de terminar esta história.
Ele diz que, quando Narciso morreu, vieram as Oreiades – deusas do bosque – e viram que a água doce do lago havia se transformado em lágrimas salgadas.
“Por que você chora?”, perguntaram as Oreiades.
“Choro por Narciso”.
“Ah, não nos espanta que você chore por Narciso”, continuaram elas. “Afinal de contas, todas nós sempre corremos atrás dele pelo bosque, você era o único que tinha a oportunidade de contemplar de perto sua beleza”.
“Mas Narciso era belo?”, quis saber o lago.
“Quem melhor do que você poderia saber?”, responderam, surpresas, as Oreiades.
“Afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias”.
O lago ficou algum tempo quieto. Por fim, disse:
“Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que era belo. Choro por ele porque, todas as vezes que ele se deitava sobre minhas margens, eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza refletida”


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Parabéns caro leitor!

Ler é que nem beijar, nota-se na língua!




Lembro-me bem daquela reunião de pais e mestres. Tinha, se não me engano, 7 para 8 anos.
"Terei de reprovar sua filha!" - disse minha querida e amada professora Mônica, ao término de meu primeiro ano no ensino fundamental para minha mãe.
Amada professora? Hoje, depois de entender sua realidade.
Naquele instante uma sensação de desespero tomou conta dos meus braços e um sentimento, muito perto da raiva, me apontava para a professorinha, com rosto encantador que emoldurado por cachos bem cuidados, me dirigia um olhar terno.
Ela não podia estar certa.
Eu estava sentada atrás da minha mãe ouvindo a conversa.
"Terei de reprovar sua filha! Ela não consegue ler uma palavra Maria, como vou passá-la de ano? Terei de retê-la, não sabe ler nem escrever!" 
Entendi.
Realmente, aquela bagunça de códigos e letras que formavam palavras eram como desenhos que não se alinhavam na minha mente. Minha letra, digo, garrancho, era horrível e até hoje é pois nem mesmo segurar no lápis no intuito de fazer os famosos lacinhos e voltinhas, eu sabia.
Acho que foi ali que me deparei com meu primeiro maior problema de autoconhecimento.
Eu me considerava inteligente, mesmo nessa idade, assistia a jornais, acompanhava noticias das guerras, assistia filmes complexos para minha idade e chamava meus pais para discussão.
Ninguém ganhava de mim no Megamania. River-raid então...era fera!
Pintava e desenhava muito bem, para alegria e comoção de minha mãe que ate hoje guarda alguns de meus desenhos, orgulhosa por um feito a frente de meu tempo.
Então, porque diabos eu não conseguia ler?
Levantei da cadeira em que me afundava atrás daquela conversa absurda e me voltei a professora:
_O que devo fazer então professora, para aprender a ler, pois simplesmente não consigo.
Ela me disse, ler é um hábito, se você olhar a sua volta, tudo é palavra!
Depois disso, juro, passei a fazer amor com as palavras, me envolvia, nada escapava aos meus olhos.
Lia cada mural de volta pra casa, cada panfleto jogado na rua, cada papel pendurado na parede,
De hábito passou ao amor.
Amo ler e tenho carinho por meus livros. Viagem garantida num mundo que você mesmo constrói. Com suas cores, com seus efeitos cinematográficos...

Hoje é dia do leitor e deixo aqui um parabéns para todos nós que brinca com as palavras, sejam elas escritas, faladas ou decodificadas...rsrs

Deixo aqui um artigo, de um dos escritores que mais gosto, vale a pena dar uma passadinha pra entender a alma de um bom leitor!

Rubem Alves: Como ensinar o prazer de ler

Obs: Não sei se foi devido ao ímpeto de encarar a triste realidade da minha situação ou mesmo uma alma bondosa como a dela, mas não repeti a primeira série e consegui, depois disso, como promessa feita a mim, que sempre passaria em primeiro lugar. Como prometido, sempre ganhava bons presentes de final de ano e naquele ganhei um novo Atari do meu pai. Beijo aos meus pais que sempre me incentivaram os meus dons, esses sim ainda são meus mestres,