Visitei o complexo de núcleos de cavernas do PETAR - Parque Estadual Alto da Ribeira: http://www.ambiente.sp.gov.br/petar/
Viagem longa, difícil (Regis nunca é fácil) e ainda morta de sono. Saímos de SP as 3 da manhã para chegarmos entre 8:30 e 9 da manhã. Chegamos as 9:30.

Para chegar lá, os últimos 100 km são quase de terra, aliado a um asfalto crocante. É por isso que amo meu Páliozão, esse tem me aguentado.
Na nossa turma tinha de tudo quanto é tipo de gente, biólogos frustados, inclusive eu. Composto por 8 pessoas, nosso grupo ansiava por chegar, mas os acidentes que encontrávamos no caminho nos dispersava.
Medo, companheiro fiel.
Chegamos, apanhamos nosso querido guia: K-suco, cuja frase predileta era: "Aqui o sistema é bruto".
Bom, é do jeito que gosto.
Ele nos levou para a primeira trilha da aventura, a Caverna Santana. Simplesmente a mais bela caverna que vi lá.
Com salões gigantescos e histórias e curiosidades interessantíssimas. As formações rochosas em tantas variedades, lembravam cortinas de pedras que enfeitavam cantos da caverna e havia até mesmo uma Pata de Elefante, escultura do tempo.

A Proxima trilha, a caverna do Couto, depois de um breve lanchinho, sim breve e no meu caso quase ausente, pois o lanche nos foi dado para almoço e eu pensei que era só o café e acabei comendo-o todo. Sorte que tinha o lanche do meu amigo Luiz, que doou o dele para mim. Fiquei triste, cansada da viagem, pois não havíamos parado de andar e comida racionada, realmente, o sistema era bruto.
Nessa trilha, estreita, escura e escorregadia, o medo, meu amigo fiel, não me arredou pé.
Cheia de buracos secretos com quedas altas e minha visão, acompanhada de uma pequena luminosidade doada pela minha lanterna do capacete, a caverna do Couto era enigmatica. Numa de nossas passagens, encontramos um grupo que aproveitou a paz que lá reinava para uma meditação. Se não fosse meu cansaço, que iria me fazer dormir, eu ficaria ali "de boa".
Cumprimentamos respeitosamente o grupo no seu momento e seguimos viagem.
Nosso grupo, cada vez mais unidos, seja pelo medo na escuridão, seja pela sintonia de nossos objetivos, seguia cada vez mais devagar. Tirávamos fotos, ríamos da minha lerdeza e principalmente das baboseiras que cada um soltava. E soltavam outras coisas além de baboseiras. Eh japinha...rsrs!
Brincadeiras a parte, depois da trilha longa dentro da caverna, vislumbramos a saída da caverna. Com o chão coberto por quartzo de várias cores, a saída merecia respeito. Linda!
O término da trilha era uma escadaria abaixo.
Eram 17:30, estava um caco. Mas ja ouvia os meninos falando em cerveja e churrasco na pousada.
Éramos os únicos hospedes, redes, piscina e churrasqueira só para nós.
Passamos num boteco no caminho de volta à pousada e compramos suprimentos, bebidas, carne e carvão.
Eita como foi bom viu, pensem em mim, uma ferinha de tamanho mediano, sendo servida de carne, vinagrete, farinha e cerveja. Rendeu ate perto da madrugada, foi ótimo.
No domingo, logo pela manha e após o café quente, o cheirinho de mato molhado da roça, pegamos o carro e rumamos para outra caverna: O Nucleo Ouro Grosso.
K-suco nos presenteou com uma trilha por dentro da caverna onde o fim era uma cachoeira que nascia do alto, isso mesmo, dentro da caverna uma bacia linda d'agua com uma pequena queda porém forte de agua gelada. Diversão garantida.
Vários encontros com cobras, aranhas e peixes que vivem lá dentro. Um biosistema único e de beleza ímpar.
Próximo passo, o boiacross. Criado lá mesmo, o boiacross consiste numa radical descida pelas correntezas do rio 2km abaixo debruçado numa bóia de caminhão. Um caldo garantido.
Nessa descida, é possível descansar, observar a natureza, encontrar a paz de espírito e aprofundar pensamentos. Só fazendo mesmo para entender.
A volta para SP foi tranquila e muito dos detalhes você pode encontrar nos sites sobre o PETAR, mas só digo que vale a pena mesmo. Uma aventura radical.
Do que aprendi sobre o lugar:

Estima-se que a idade de uma caverna gira em torno de 150.000 anos, e as formações rochosas em seu interior, bilhões de anos. Então ao ver a ação do tempo pelas paredes, chão e teto de uma caverna, demonstra que estamos num mundo tão antigo, tão primitivo que torna quase sagrado cada canto deste lugar.
Observar essa natureza nos faz perceber o quão nossa vida é breve na terra, o quão estamos rápido neste mundo, que cada ato que temos, sim, ecoam na eternidade e vão para um tempo que jamais participaremos fisicamente. Nossos passos são vigiados pelo tempo.
Só tenho, mais uma vez, a agradecer a natureza pelos sinais de aprendizagem.
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