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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

* Sobre a diversidade cultural: um mito de liberdade de expressão


Ao direcionar o olhar para nosso passado, encontraremos, nas lutas pela liberdade de expressão, seja de fundamento religioso ou político, grandes heróis e heroínas.
Quantas mulheres foram condenadas à fogueira e homens excomungados simplesmente por não concordarem, na época, com os preceitos religiosos e políticos.

Graças a estes movimentos, hoje o ocidente tem acesso a uma infinidade de cultura e conceitos morais, éticos e civis.
Digo ocidente, por que a causa não alcançou com sua total força, o outro lado; o oriente.

Estou trazendo isso à tona devido ao curioso fato recente sobre a proibição do povo iraniano, em assistir ao sorteio da copa, por conta do decote da apresentadora Fernanda Lima.
O canal iraniano faz a emissão televisiva com atrasos, justamente para poder analisar as imagens e evitar que “cenas inadequadas” cheguem às televisões iranianas. Na transmissão do sorteio, nossa linda apresentadora, que então usava um vestido decotado,  não saiu do palco durante o evento, acabando por inviabilizar a veiculação das imagens no país.

Revoltados, vários iranianos, com acesso ao facebook, publicaram na página de nossa compatriota, ataques à sua conduta considerada indecente. Muitos comentários de baixo  calão e insultos, foram publicados em farsi, persa e também em inglês.
Entendo que a cultura deles tenha essa limitação, mas nós não. A liberdade deles, terminam onde a nossa começa.

No entanto, há no país quem não aprove a atitude de seus compatriotas. “Sou iraniana e queria pedir muitas, muitas desculpas, senhora”, afirmou uma internauta.
“Peço mil desculpas a Sra. Fernanda Cama Pereira Lima pelas palavras pouco polidas e pelo comportamento inapropriado de alguns iranianos”, comentou outro.

Essa não é a primeira vez que imagens geradas no Brasil causam problemas no Irã. Durante a Copa das Confederações, imagens de Shakira com os braços descobertos em Fortaleza foram ao ar na TV iraniana por um descuido, o que causou revolta e provocou polêmica no país.
Lendo os artigos relacionados à Fernanda, encontrei vários comentários contra sua vestimenta realizados por brasileiros. Acho um exagero! Fernanda Lima vende sua imagem compra quem quer. Nesse caso, qualquer valor será pouco pela nossa musa da copa. Sim, musa. Se a melhor cena da última copa, foram os seios de Larissa Riquelme, desta copa será o decote de Fernanda Lima.

O jornal inglês Daily Mail, num chute, afirmou que dez pessoas por segundo estavam tuitando seu nome enquanto ela estava no palco em seu vestido dourado com sapatos combinando. O jornalista esportivo inglês Gavin Caney a descreveu como “a verdadeira ganhadora” do evento. O Clarín, argentino, escreveu que Fernanda levou todos os olhares .
Acredito que o Brasil, tenha muita coisa boa para mostrar, dentro e fora do campo. Vamos fazer valer desta nossa liberdade.

Continuando a libertação:


Quero aproveitar deste post para comentar sobre artigos que tenho lido sobre os movimentos culturais realizados num país extremista como Israel.

Vamos falar aqui, mais precisamente sobre Faixa de Gaza. Trata-se de um território escuro, empobrecido e privado economicamente.
 
Sob iluminação de velas e  geradores, uma vez que a energia é bloqueada 12 horas por dia, a Faixa de Gaza tem sido destaque de fonte de criatividade no universo cultural.

Esse destaque deve-se justamente por não ter credibilidade quando o assunto é liberdade de expressão. Tendo em vista que se trata de um território  dominado pela facção palestina Hamas, Gaza vem sofrendo com o bloqueio econômico israelense e a repressão egípcia, o que acaba por fazer desse estreito de terra um dos mais dramáticos da região.

Recentemente os comediantes do Tashwesh Gaza, produziram um vídeo como paródia do comercial estrelado por Jean-Claude Van Damme.

O original mostra o astro das artes marciais abrindo um espacate entre dois caminhões Volvo em ré enquanto fala à câmera, fazendo assim propaganda da estabilidade do sistema de direção dessa marca. A versão de Gaza, porém, mostra um jovem palestino listando as privações desse estreito de terra. Quando a imagem se afasta, é possível ver que os carros são empurrados a mão, ridicularizando o fato de que não há ali combustível o suficiente para todos os veículos.

 Rap na faixa


O rap, considerado uma das grandes influências ocidentais em Gaza, tem grandes adeptos no movimento cultural na região. No dia 06/12/2013, sexta feira passada, através do apoio do Coletivo “Periferia, nossa Faixa de Gaza”, e do Movimento Palestina Para Tod@s, trouxe ao Brasil o rapper palestino de Gaza, Mohammed Antar, para um projeto cultural intitulado “Intercâmbio Rapoético Brasil-Palestina”

 Mohammed Antar é rapper palestino morador da Faixa da Gaza, canta a Palestina usando poesia para falar de política, questões sociais e resistência heróica do povo palestino.

A troca cultural envolve rappers e coletivos culturais brasileiros, como o grupo de rap Influência Positiva, o Núcleo Cultural Força Ativa, a Organização Jihad Racional, o Sarau Perifatividade e outros movimentos periféricos de São Paulo.

 Outro rapper conhecido em Gaza é o jovem Ibrahim Ghunaim, 21 anos, que faz seus shows sem permissão do Hamas e por conta disso já foi presos várias vezes.

 
 "Só consigo fazer shows quando tenho apoio de entidades estrangeiras. O Hamas não diz "não" aos europeus. Só aos moradores de Gaza.
Não fui pago. Eles me levaram da fronteira até Jerusalém e me trouxeram de volta. Fiquei na casa de amigos, em Jerusalém e na Cisjordânia.

Estudo relações públicas e marketing na Universidade Palestina. Meu pai paga o curso. Não tenho emprego. Se achasse um trabalho, ainda assim não conseguiria me alimentar com o salário. Quando ouviu minhas músicas, minha família me deu liberdade para fazer o que quiser.

Estou trabalhando no meu primeiro projeto. Vão ser dez vídeos, vou traduzir para sete línguas. É difícil ter recursos; pago tudo do meu bolso. Ninguém apoia essa música, qualquer música, em Gaza.

Escolhi fazer rap porque posso dizer o que quiser. Talvez em outros gêneros de música eu não pudesse cantar sobre esses assuntos. O Hamas diz que o rap não é parte da nossa cultura, que é uma coisa que pegamos do Ocidente. Querem que a gente cante só orações em árabe.

Tento fazer eles ouvirem nossas canções, mas eles não nos dão uma chance. Eu posso ser uma pessoa importante em Gaza. Posso fazer muito dinheiro, se deixarem.

O nome da minha canção "Min Aja" significa "quem está vindo". Estou falando sobre mim mesmo e sobre os rappers que me criticam.

Os árabes não têm uma causa em comum: só a língua nos une. Cada um tem a própria causa. A minha é a palestina. Estamos morrendo aqui, mas continuamos de pé para conquistar nosso país."

 
Esses são alguns heróis que enfrentam as dificuldades imposta pelo confronto da expansão cultural x religião/política, que tentam abordar de maneira pacífica a repressão de seu país.

Parabéns a todos os engajados nesta causa!

Fonte: Folha de São Paulo 

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